Localização: Jardim Conquista, São Mateus (SP) Início projeto: 2007 Duração: 2 anos Produção: sacolas com tecidos orgânicos e confecções por regime de facção Público beneficiário: 100 pessoas Acréscimo na renda média individual mensal: 192 % Parceria: Instituto Walmart Perfil do grupo: mulheres, de idades entre 25 e 60 anos, com cerca de 6 anos de estudo e algumas analfabetas funcionais, solteiras, separadas, divorciadas e viúvas, predominantemente chefes de família, residindo em domicílios que abrigam em média 4,2 pessoas: pais, filhos, irmãos e sobrinhos. Perfil da localidade: oferta restrita de postos de trabalho na região (apenas 5,5% da população em idade ativa do distrito tinham um contrato de trabalho formal, na região). O baixo nível de ocupação nos setores formais da economia está relacionado ao baixo nível de instrução da população, que somente apresenta 13% de sua parcela com oito anos de estudo, ou seja, tendo atingido o ensino fundamental. Sem equipamentos culturais e de lazer e elevado índice de violência, em especial entre os homens (46,4% das causas de morte são por agressão e homicídio, fazendo vítimas de idades entre 10 e 49 anos), o local oferece baixa qualidade de vida para seus habitantes e poucas perspectivas para seus jovens (dados SEADE). Ao iniciar o projeto no Jardim Conquista (zona leste de São Paulo) em parceria com o Instituto Walmart em 2007, a Mundaréu encontrou algumas mulheres com experiência em costura que tinham participado do Projeto Começar de Novo, da prefeitura de São Paulo. O grupo, denominado Brilha, havia conseguido algumas máquinas e trabalhava com encomendas para o Bom Retiro, porém, com o fim da gestão e do apoio, em 2004, praticamente se dissolveu. O objetivo inicial da Mundaréu era promover a revitalização do Brilha a partir da oferta de cursos de especialização na área de confecção e constituir uma oficina de costura organizada de forma solidária. Para ampliar o número de integrantes, inicialmente composto de 15 mulheres, foi feito um processo de mobilização que envolveu a Associação de Moradores Boa Vista-Pavãozinho, com apresentação da proposta e seleção de interessados. As pessoas mais habilitadas seriam membros do empreendimento, e as demais seriam capacitadas pelas primeiras em uma oficina-escola que veio a ser incorporada na idéia original do projeto, a partir da demanda encontrada. O trabalho da Mundaréu, portanto, se deu em duas frentes: a estruturação do grupo de produção da Conkistart, como veio a se chamar o novo empreendimento, qualificando-o nos aspectos técnicos e organizativos e de negócios para a confecção de produtos têxteis com detalhes artesanais; e a implantação da oficina-escola do Mutirão, para formar novos profissionais nesse ramo e enraizar o projeto junto à comunidade como alternativa de geração de renda e inclusão socioeconômica.
Durante o processo de constituição da organização Conkistart, as costureiras passaram por um processo de qualificação que vinha ao encontro de suas necessidades: - homogeneização da qualidade do trabalho do conjunto do grupo; - melhoria da organização do processo de produção; - criação de linha de produtos próprios; - ampliação de clientela e encomendas. A proposta de formação de novas costureiras, com carga horária de 120 horas, abrangia o básico: - operação da máquina de costura; - costura reta e em curva; - diferentes tipos de ponto e acabamentos; - noções de modelagem. Desde 2008, quando foi implantada, a Oficina – escola já formou 70 profissionais. Algumas se incorporaram à Conkistart, outras se tornaram instrutoras da oficina-escola, e teve ainda quem seguiu de forma autônoma no mercado ou simplesmente aproveitou os conhecimentos em benefício próprio. Já a Conkistart, que chegou a ter 40 integrantes trabalhando de forma cooperativa, após experimentar uma diversificação de produtos, com jogos americanos, nécessaires e almofadas, entre outros itens, optou pela especialização em sacolas de fibra de coco ou recouro, ecologicamente corretos. Apesar da boa aceitação no mercado, a descontinuidade nas vendas é um desafio constante, o que levou o grupo a manter o atendimento de encomendas em regime de facção, que está na base de sua cultura e de sua trajetória profissional. Dos cerca de R$96,50 que arrecadavam individualmente por mês na época do Brilha, as mulheres passaram a obter uma média de R$280,00, o que representa um acréscimo de 192 % em sua renda. O amadurecimento do grupo levou a um resultado importante, a constituição de uma Pessoa Jurídica, no caso, como associação. Vencendo as resistências que normalmente ocorrem, em lidar com impostos, cálculos mais complexos ou legislação, a Conkistart optou por formalizar seu empreendimento e se lançar como pessoa jurídica no mercado. Essa escolha vem da gênese do grupo, que apresenta alto grau de politização e associativismo. Formado, em sua maioria, por moradoras de uma área de invasão que foi legalizada pelo CDHU, tiveram suas casas construídas em regime de mutirão que forjou uma experiência marcante de trabalho coletivo. Do mesmo esforço, resultou a construção do prédio da Associação Conkistart, que é também a seda da Associação de Moradores do Mutirão Boa Vista-Carrãozinho, principal parceira local do projeto. Divergências na formação original ocasionaram a constituição de novo grupo produtivo na região, o Alinhavando Sonhos, em processo de estruturação. Desse modo, apesar de ter ocorrido diminuição no numero de membros nos grupos, o projeto acabou gerando dois grupos: Conkistart e Alinhavando Sonhos. |